quarta-feira, 4 de julho de 2012

Belmiro de Almeida

Obra - A Má Notícia de 1877


Notícias Artísticas”, por Armínio de Mello Franco: Comentário sobre a Exposição de pinturas de Belmiro de Almeida realizada na Escola Nacional de Belas Artes, em setembro de 1894
organização de Ricardo Giannetti
GIANNETTI, Ricardo (org.). “Notícias Artísticas”, por Armínio de Mello Franco: Comentário sobre a Exposição de pinturas de Belmiro de Almeida realizada na Escola Nacional de Belas Artes, em setembro de 1894. 19&20, Rio de Janeiro, v. V, n. 4, out./dez. 2010. Disponível em: 

<http://www.dezenovevinte.net/artigos_imprensa/amfranco1.htm>.




Algumas questões sobre o artigo de organização de Ricardo Giannetti:


1) Como entender a presença de Belmiro de Almeida em Ouro Preto e depois Belo Horizonte. O artista produz uma obra que se aproxima do "pontilhismo". Temos a obra a Má Notícia no acervo do Museu Mineiro. É necessário uma pesquisa sobre esta obra.




Nota número 8 do artigo mencionado:


Ao concluir o artigo, lamentou Armínio, com razão, não haver em Minas Gerais um só trabalho do pintor. A bem da verdade, Belmiro de Almeida, nascido no Serro em 1858, com uma carreira toda ela construída entre Rio de Janeiro e Paris, onde faleceu em 1935, manteve realmente uma ligação muito discreta com a vida artística do Estado natal. Contudo, abrindo parênteses, pode-se, resumidamente, relacionar alguns trabalhos do pintor que, de alguma forma, tiveram ligações com Minas.
Seu conhecido Auto-retrato, datado de 1883, óleo sobre tela, 60 x 48 cm, importante trabalho que integra a Coleção Gilberto Chateaubriand, Rio de Janeiro, consta situado na cidade de Três Pontas, Minas Gerais, tendo ao lado uma dedicatória à sua mãe, senhora Palmyra de Almeida.
Uma crônica de Olavo Bilac, datada de 4 de janeiro de 1894, enviada de Ouro Preto para a Gazeta de Notícias, descreveu com detalhes a estátua de Tiradentes, que seria inaugurada em abril na praça da Independência. O texto, com sua apreciação estética, contou com ilustração em zincografia de Belmiro de Almeida, havendo sido o desenho elaborado a partir de croqui da obra, feito pelo próprio autor da escultura, Virgílio Cestari, e de uma fotografia da estátua do mártir, material este remetido por Bilac ao ilustrador no Rio de Janeiro. Vale a pena comentar ainda, que, após breve interregno de um mês sem circular, por motivos políticos, a Gazeta de Notícias voltava a ser editada naqueles dias, oportunidade na qual se renovou graficamente. Belmiro ficou responsável, exatamente, pela ilustração da primeira página, utilizando-se do processo de zincografia, sendo a impressão realizada em prelo rotativo, possibilitando a produção de milhares de exemplares em reduzido tempo. Ferreira de Araújo, Eça de Queiroz, Machado de Assis, Alfredo Camarate, Olavo Bilac, dentre tantos outros nomes, assinavam artigos e matérias. O jornalista Ferreira de Araújo, proprietário do jornal, viria adquirir a tela Nuvens de Belmiro, conforme consta no artigo de Armínio de Mello Franco.
Em 1894, atendendo a uma encomenda da Câmara Municipal de Campanha, Belmiro pintou o retrato do Marechal Floriano Peixoto. A data escolhida pela Municipalidade para a solenidade de sua inauguração foi a da comemoração nacional de 13 de maio, tendo o quadro sido colocado na sala de sessões da Câmara. Residindo no Brasil, era imperioso cumprir compromissos como esse: o artista mantinha-se ativo profissionalmente e garantia remuneração.
Em outubro de 1897, praticamente às vésperas da transferência oficial da capital do Estado para a então cidade de Minas (depois, Belo Horizonte), Belmiro de Almeida esteve em Ouro Preto. Na oportunidade, o pintor trazia consigo uma tela, pintada recentemente em Paris, para exibi-la na cidade histórica. Intitulara-a Má Notícia, obra de inspiração bem próxima ao realismo de Arrufos, tela de 1887. Ficou exposta por algum tempo no salão do Liceu de Artes e Ofícios de Ouro Preto e causou ótima repercussão, considerando a frequência do público que se verificou. Adquirida pelo Governo, foi em seguida levada para a nova capital, sendo então colocada no Palácio da Presidência. Hoje integra o acervo do Museu Mineiro.
Na recém-inaugurada capital mineira, no salão nobre da Secretaria do Interior, na praça da Liberdade, figurou a tela de Belmiro intitulada Aurora [ou Apoteosede 15 de Novembro, obra que anteriormente tivera suas qualidades  questionadas pela crítica do Rio de Janeiro. Arthur Azevedo, em visita à Belo Horizonte no ano de 1901, considerou-a uma obra pouco representativa na produção do pintor serrano.
Pertence ao acervo do Museu Mariano Procópio, Juiz de Fora, o quadro Amuada, c. 1905-1906, óleo sobre madeira, 41 x 33 cm. Esta obra participou da Exposição Geral de Belas Artes do Rio de Janeiro, em 1906. De pequenas dimensões, leve, contido, silencioso, é um trabalho executado de forma minuciosa pelo pintor. Individualizadas em múltiplos toques de pincel, as cores tênues favorecem toda a composição.
Em abril de 1909, o presidente de Estado Wenceslau Braz inaugurou, em solenidade que contou com a presença do pintor, a tela intitulada Bárbara Heliodora, estabelecida no “plafond” do salão nobre do Palácio, ambiente ornado por trabalhos de Frederico Steckel. O obra fôra encomendada a Belmiro bem anteriormente, ainda pelo governo de Silviano Brandão. Conforme descrito à época, representava uma cena na qual a esposa do inconfidente Alvarenga Peixoto, isolada em seu retiro no sul de Minas, encontrava-se abatida pela imensa saudade que terminaria por levá-la à loucura. Em 1925, o trabalho de Belmiro foi substituído pela pintura alegórica de Antônio Parreiras.
É datado de abril de 1909, o pequeníssimo Retrato de Antônio Augusto de Lima, óleo sobre madeira, 21 x 13 cm,  dedicado por Belmiro ao retratado. Encontra-se hoje na coleção de Luiz Octávio Augusto de Lima, São Paulo, e está reproduzido na Revista do Arquivo Público Mineiro, Belo Horizonte, ano XLIII, nº I, janeiro - julho de 2007, página 64. É provável que seja este o quadro que, durante a estada de Belmiro em Belo Horizonte, por ocasião da inauguração da tela Bárbara Heliodora - ato presenciado por Augusto de Lima -, esteve em exposição na Casa Colombo. Por um lapso, foi atribuída sua autoria ao pintor Alberto Delpino, engano este logo desfeito.



Obras:

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